Manutenção de cortinas atirantadas: Importante para evitar patologias

Cortinas atirantadas são utilizadas para contenção de encostas e construção de subsolos em obras prediais. Sendo importante estrutura de segurança, requer grande preocupação com a qualidade dos materiais a serem aplicados e com a técnica no momento de sua execução, evitando-se problemas de patologias. Observando-se com rigor estas condicionantes, é saudável evitar profissionais pouco experimentados, com pouca ou nenhum conhecimento neste tipo de obra.


A necessidade de manutenção das cortinas atirantadas


Por ser uma construção estrutural de segurança, a cortina atirantada requer inspeção regular, anual, das suas estruturas de concreto, do capacete de concreto que protege a cabeça exposta do tirante.  Há a necessidade de fazer a manutenção contínua do sistema de drenagem de paramento e profundas, o que requer a lavagem dos drenos, a desobstrução das canaletas e verificação da existência de trincas, verificar se há percolação de água pelo tirante, das caixas de passagem do sistema superficial. Por fim, necessário verificar o alinhamento da estrutura e a existência de afundamentos no terreno  nas áreas adjacentes a contenção.


Recomenda-se periodicamente a checar as cargas permanentes atuantes nos tirantes, conferindo os valores estabelecidos em projeto. Todas estas verificações são necessárias serem mantidas para evitar colapso das estruturas, riscos as pessoas que convivem nas  áreas adjacentes continuamente e dar longevidade as mesmas.

Condições de cortina atirantada após serviços de manutenção.

Modos de degradação das cortinas atirantadas


De um modo geral, os problemas nas cortinas atirantadas devem-se a falhas em diferentes etapas de sua construção e da sua vida útil. Todas e qualquer patologia nas cortinas atirantadas são críticas e suas correções são sempre urgentes.

A causa frequente de problema é a alteração das condições do terreno acima, assim como a interrupção do processo de drenagem, o que acarreta mais peso na cortina e mais tensão nos tirantes. O acesso da água do solo no tirante, que acaba servindo de dreno, e também um dos mais sérios problemas, pois promove processo de corrosão no tirante, encurtando sobremaneira sua vida útil.

Contudo, a inexistência de plano de manutenção preventiva é o problema maior, já que temos a cultura de que a construção é para sempre e não requer manutenção.


Metodologia de análise prévia


A avaliação dos problemas nas cortinas atirantadas baseia-se, no campo, no método observacional com o intuito de levantar as patologias e sua gravidade, considerando-se que, frequentemente, diversos problemas podem ocorrer concomitantemente. Com o intuito de reunir toda a informação coletada em campo, trabalhamos com checklist, de modo a reunir todo o histórico patológico de cada cortina, o que ajuda sobremaneira a inspeção e no histórico de manutenção. A seguir, apresentamos alguns tipos de checklist que dispomos específicos para cortinas atirantadas.


Problemas nos tirantes


Geotecnicamente, pode-se afirmar que as principais patologias presentes em cortinas atirantadas situam-se nos tirantes, o que é de alta gravidade, considerando-se que á capacidade portante da cortina é afetada. Como não é possível avaliar a peça em sua totalidade, visualmente, o processo de verificação é direcionado à aferição do grau de conservação do seu capacite. A seguir, apresentamos, exemplos de degradação que sinalizam possíveis problemas.

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Exemplo de fissura.

Exemplo de desplacamentos.

Exemplo de eflorescências.

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Exemplo de concreto poroso e mal executado.

Exemplo de exposição da cabeça do tirante.

Exemplo de fluxo d'água na cabeça do tirante.

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Exemplo da existência de liquens nas faces.

Exemplo de exposição da placa do tirante.

Exemplo de ruptura do tirante com projeção do capacete de proteção.

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Todos estes problemas, uma vez constatados, são identificados pela localização da cortina e posicionamento do tirante, corrigindo-se a seguir, com procedimentos normativos.

Exemplo de ruptura do tirante com contração da barra.

Exemplo de tirante solto.


Problemas nas juntas verticais


A importância da aferição de patologias nas juntas verticais é justificada, pois desempenham funções relevantes no bom desempenho da cortina de contenção, proporcionando deslocamentos e deformações provenientes dos efeitos da dilatação térmica. Como as cortinas ficam submetidas a grandes variações de temperatura, ao longo de sua vida útil, produzem-se trincas e fraturas ao longo de suas superfícies. As juntas verticais devem apresentar espessura constante e verticalidade, para que não sejam gerados esforços diferentes dos calculados. Como é frequente a má execução das juntas, constantemente constata-se desagregação nas bordas dos painéis de concreto armado. Alguns exemplos, apresentamos a seguir:

Deslocamentos

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São facilmente observados nas juntas verticais, podendo ser causados por movimentações dos painéis superiores durante o processo executivo da cortina. Uma vez que este problema acontece após o término da concretagem, incorre em uma possível queda da capacidade suporte da estrutura de contenção, devida a tirantes rompidos ou soltos.

Surgência d'água

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Esta patologia evidencia dois problemas, o mau funcionamento da drenagem na parte inferior da cortina, e a má execução do sistema de vedação da junta. Grande parte deste tipo de patologia encontra-se em alturas inferiores a 2 metros, revelando possível existência de condições de fluxo na base da cortina. Se essa situação acontecer por longos períodos de tempo, é possível a ocorrência de fuga de solo, agravando o quadro.

Fuga de solo

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Patologia provocada pela má vedação das juntas, apresentando fluxo intermitente de água. A gravidade consiste na perda do material do tardoz da cortina, com consequente desconfinamento que provoca perda da protensão dos tirantes, causando deslocamentos, subsidência, trincas no aterro e na canaleta de montante, etc.

Vegetação

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Patologia provocada pela má vedação das juntas, umidade excessiva no tardoz e, geralmente, fuga de solo. Sua gravidade compromete o funcionamento das juntas e drenos, causando destruição das bordas dos painéis.

Problemas Horizontais

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Diversas patologias em juntas horizontais.


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Deficiência no cobrimento das juntas horizontais.


Estas juntas são construídas durante o processo de execução da cortina. A má execução também é uma constante aqui, sendo possível a desagregação do concreto e a exposição de suas armaduras, quase sempre já em processo de corrosão. Outros problemas são trincas, surgência d'água e eflorescências.